quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

E da minha cidade, o que dizer?


  • “Os goianos. As pessoas nos fazem sentir como se fôssemos daqui. É um povo que sabe receber e tratar bem quem vem de fora. Os goianos são muito acolhedores”. 
  • “Escolhi Goiânia por ser uma cidade que tem um potencial muito grande no meu ramo de atividade, por estar sempre em desenvolvimento e oferecer aos seus habitantes uma excelente qualidade de vida”.
  • “O que Goiânia oferece de melhor é a qualidade de vida. Tem áreas verdes, as pessoas são receptivas, tem boas escolas para nossos filhos, enfim, é uma jovem cidade que está crescendo e continua mantendo aqueles hábitos das pequenas cidades”.
  • “Se por um lado, Goiânia é considerada uma cidade tipicamente interiorana, por outro lado, é a capital que mais tem crescido nos últimos anos.”


Capital com ares de cidade interiorana, é por isso que consideram Goiânia um lugar tão bom para se viver. E essa qualidade de vida implica em alguns “valores” para mantê-la. Discutamos, pois, tais valores e a sua hipocrisia.

Somos um povo hospitaleiro, é verdade. Acolhedores. Mas sempre fica também aquela característica de querer sempre saber tudo a respeito da vida de todo mundo. As pessoas estão sempre interrogando sobre atitudes e comportamentos das outras. Julgando, e criando preconceitos. Rotulando. Parecemos aquelas mulheres que, sem nada para fazer, corriam para as janelas de suas casas para fofocar com as vizinhas.

Ih, homem e mulher em algum lugar sozinhos, de muita conversa, então... que coisa feia! Tsc, tsc! Isso é pouca vergonha! Encostou, então??? Quando vai ser o casamento? Parece exagero? Não é! Mas muitas vezes é assim que agimos. Há coisas que são difíceis praticar por aqui. Teatro, dança, qualquer coisa que exija contato, pele, é mal visto pela sociedade, é falta de vergonha. Por isso muitas vezes perdemos talentos verdadeiramente goianos para outras regiões, pois estes tem de fugir das más línguas, do excesso de zelo pela “moral e bons costumes”.

Não sejamos hipócritas. Há atitudes mais repugnantes que encostar em alguém, e que são toleradas. Há pessoas nas nossas ruas passando fome e frio, há garotas se prostituindo por falta de oportunidade, não de vergonha, há pessoas morrendo em filas de hospitais. Mas tudo isso parece não ter muita importância. O que não pode ser aceito é que as meninas de hoje em dia admitam que têm desejos, que queiram satisfazê-los. O que é inadmissível é que duas pessoas que na tem algum relacionamento se encostem numa pista de dança (isso é agarração). Que existam exercícios corporais no teatro, por exemplo, onde as pessoas se tocam, se sentem.

Não tenho nada contra sermos hospitaleiros, ao contrário. Porém, não nos esqueçamos das pessoas que moram na nossa cidade, que muitas vezes precisam de uma mão estendida, mas que não são percebidas por nós. Não percamos tempo discutindo a vida alheia. Façamos o melhor da/pela nossa vida, e deixemos que os outros decidam o que é melhor para eles. Paremos de rotular, de ter preconceitos contra pessoas e atitudes, pensemos antes nos nossos próprios atos, e no quão repulsivos eles podem ser. Que Goiânia continue sendo um bom lugar para se viver, mas não fiquemos parados no tempo, zelando por costumes que não melhoram em nada o nosso Ser.

Deixo, então, uma frase para reflexão:
“Grandes mentes discutem idéias, mentes medianas discutem eventos, mas mentes pequenas discutem pessoas.” Pensemos nisso!!!

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